Da sombra à luz: como o Cruzeiro monta seu time e busca talentos
Montar um elenco competitivo no futebol moderno exige muito mais do que dinheiro na mesa. O Cruzeiro, ciente dessa necessidade, estruturou um processo de prospecção e contratação detalhado, envolvendo uma série de profissionais e ferramentas que vão além do olhar do técnico.
O primeiro passo começa na sombra: a inteligência de mercado. O clube opera com uma equipe dedicada a monitorar atletas em diversos campeonatos, do Brasil ao exterior, usando tecnologia para cruzar dados de desempenho, números físicos e até aspectos comportamentais. Um jogador pode entrar no radar do Cruzeiro muito antes de surgir no noticiário esportivo, graças a análises preditivas e acompanhamento constante.
Depois do rastreio, a fase de avaliação detalhada. O departamento de futebol, junto com a comissão técnica, assiste a vídeos de jogos, analisa estatísticas e busca informações sobre o dia a dia do atleta. O objetivo é entender se o perfil do jogador se encaixa no esquema tático do treinador — atualmente, Leonardo Jardim, que valoriza velocidade, capacidade de pressão e versatilidade. Nos últimos reforços, por exemplo, a diretoria priorizou pontas rápidos, como Sinisterra e Keny Arroyo, para suprir uma carência identificada no elenco e atender a pedidos do técnico.
O próximo estágio é o contato direto. Negociações com clubes e empresários ganham corpo, mas antes do fechamento, o Cruzeiro investe em avaliações médicas robustas. Lesões recorrentes ou não tratadas podem barrar até mesmo o craque mais desejado. O clube mineiro já aprendeu na pele como problemas físicos podem comprometer o rendimento e o planejamento de uma temporada.
A integração do novo jogador também é cuidada com atenção. O departamento médico, a equipe multidisciplinar e o setor de marketing trabalham juntos para receber o reforço, adaptá-lo ao grupo e apresentá-lo à torcida. O objetivo é que ele se sinta parte do projeto desde o primeiro dia, aumentando as chances de sucesso em campo.
O Cruzeiro também aprendeu com erros do passado. Recentemente, o próprio dono da SAF, Pedro Lourenço, admitiu publicamente que nem todas as contratações foram assertivas, mostrando autocrítica e sinalizando mudanças no modelo de gestão. O clube agora busca equilíbrio entre contratações de peso, apostas em jovens promissores e reforços pontuais, sempre com foco técnico e financeiro.
O mercado está cada vez mais dinâmico, com clubes usando inteligência artificial, scouting global e parcerias estratégicas para descobrir talentos. O Cruzeiro, ao estruturar seu processo de recrutamento, mostra que está caminhando na direção certa — valorizando dados, tecnologia e alinhamento entre diretoria, comissão técnica e departamento médico.
Por trás de cada contratação, existe uma equipe dedicada a transformar nomes desconhecidos em ídolos da torcida. O trabalho na sombra, feito com planejamento e profissionalismo, é essencial para que o Cruzeiro volte a brilhar em campo e conquiste novos títulos. A Raposa está remodelando seu DNA, e o torcedor pode esperar novidades enquanto o clube evolui na forma de montar seus times.