O dólar iniciou esta quinta-feira (28) em alta, aproximando-se da marca de R$ 6, em meio à apreensão dos investidores com o detalhamento do pacote de cortes de gastos do governo e a ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) para contribuintes que ganham até R$ 5 mil por mês. A moeda norte-americana havia registrado alta de 1,80% na véspera, atingindo um valor recorde de R$ 5,9124. Já o Ibovespa, principal índice da B3, a bolsa de valores brasileira, encerrou a quarta-feira (27) com queda de 1,73%, alcançando 127.669 pontos, e continua operando em baixa hoje.
A alta do dólar e a queda do Ibovespa refletem a reação do mercado às medidas econômicas propostas pelo governo. Além dos cortes de gastos, o pacote inclui a ampliação da faixa de isenção do IR para contribuintes que ganham até R$ 5 mil, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O limite atual de isenção é de R$ 2.824. Embora o mercado tenha recebido positivamente o compromisso com a economia, as medidas geram preocupação devido ao possível impacto fiscal, uma vez que a ampliação da isenção pode representar um custo elevado para os cofres públicos.
Em coletiva de imprensa realizada nesta manhã, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil) detalharam o pacote de medidas. Anunciadas na noite anterior por Haddad em pronunciamento em rede nacional, as propostas incluem um corte de R$ 70 bilhões nos gastos públicos para os anos de 2025 e 2026. Entre as principais ações, estão a limitação do crescimento do salário mínimo, restrições ao abono salarial e a criação de uma alíquota de 10% sobre a renda de pessoas que ganham mais de R$ 600 mil anuais.
O mercado financeiro reage com cautela a essas mudanças, avaliando os impactos a longo prazo tanto no equilíbrio fiscal quanto no poder de compra da população e no crescimento econômico do país.